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Este artigo é uma tradução do post originalmente publicado no site da revista norte americana Inc. com o seguinte título: The 1 Mental Ability That Actually Trumps Emotional Intelligence, Says Wharton Professor Adam Grant (https://www.inc.com/marcel-schwantes/emotional-intelligence-is-overrated-says-whartons-.html).

 

Em uma batalha de palavras, o famoso professor de Wharton, Adam Grant, e Daniel Goleman, renomado autor best seller de Inteligência Emocional, debateram o que é melhor: inteligência emocional ou capacidade cognitiva?

 

Eu tenho trilhado o caminho da inteligência emocional (IE) por alguns anos. Eu amo aprender sobre isso e prestar atenção em mim mesmo para controlar as minhas emoções, e gosto especialmente de aplicar essas habilidades na forma com que eu trabalho e vivo.

 

Nós temos visto, através dos anos, que as pessoas que exibem altos níveis de IE são muito mais autoconscientes, trabalham melhor com os outros e são promovidas em um ritmo mais rápido.

 

De acordo com o livro Inteligência Emocional 2.0, de Travis Bradberry, “IE é tão crítico para o sucesso que ela representa 58% da performance em todos os tipos de trabalho”. Mas pergunte a qualquer pesquisador ou especialista em inteligência emocional e eles lhe dirão que o estudo da IE não teve uma história muito linear. Ela tem sido discutida desde meados dos anos 1990 sobre a sua efetividade como um modelo de liderança baseado em evidências ou como uma predição de sucesso no trabalho.

 

O professor de Wharton, Adam Grant, autor de Dar e Receber, Originais e Plano B, colocou em xeque o nosso sistema de crença coletiva em 2014, quando em um ousado artigo chamado “Emotional Intelligence Is Overrated” (algo como A Inteligência Emocional Está Superestimada), ele declarou: “eu acredito que é um erro basear decisões de contratação ou promoção nela”.

 

O que ganha da inteligência emocional?

 

Grant decidiu colocar a inteligência emocional para ser testada e a pôs em jogo contra um adversário peso pesado. Com o que a IE pode “lutar”? Capacidade cognitiva. Esta tem muito mais a ver com processo mental e experiência (como nós aprendemos, percebemos, raciocinamos, relembramos e resolvemos problemas).

 

Aqui está a descrição de Grant sobre o seu estudo:

 

“Nós demos a centenas de vendedores dois testes validados de inteligência emocional que mediam as suas habilidades de perceber, entender e controlar as emoções. Nós também demos a eles um teste de cinco minutos para identificar a sua capacidade cognitiva, onde eles tinham de resolver alguns poucos problemas de lógica. Então, nós monitoramos as suas vendas ao longo de diversos meses.

 

A capacidade cognitiva foi mais de cinco vezes mais poderosa do que a inteligência emocional. O funcionário médio com alta capacidade cognitiva gerou faturamento anual de mais de US$ 195.000, comparado com US$ 159.000 para aqueles com moderada capacidade cognitiva, e US$ 109.000 para aqueles com baixa capacidade cognitiva. Inteligência emocional não acrescentou nada mais nestes valores depois de medirmos a capacidade cognitiva.”

 

Inteligência emocional “não acrescentou nada”. Como um praticante da IE, isso é bastante doloroso de ler. Para ter certeza de que isso não foi um acaso, Grant refez o estudo. Desta vez, com centenas de pessoas buscando emprego, as quais sabiam que os seus resultados poderiam aumentar ou diminuir as suas chances de conseguir ser contratado. Novamente, a capacidade cognitiva nocauteou a inteligência emocional em performance.

 

Se Grant quer desmoralizar a inteligência emocional, nós não sabemos, mas a análise convincente que ele aponta, fora o seu próprio estudo, devem ter causado o post de resposta do garoto inteligência emocional, Daniel Goleman, em uma espécie de auto defesa (mais sobre isso abaixo).

 

Grant cita a pesquisa de Dana Joseph e Dan Newman, os quais descobriram o quanto a inteligência emocional realmente influencia na performance no trabalho. Naturalmente, os dois pesos pesados (inteligência emocional e capacidade cognitiva) se enfrentaram novamente. Os pesquisadores, de acordo com Grant, “compilaram todo estudo sistemático que já testou a inteligência emocional e a capacidade cognitiva no ambiente de trabalho – dúzias de estudos com milhares de empregados em 191 trabalhos diferentes.”

 

E, mais uma vez, houve um claro e evidente vencedor. E o segundo colocado não chegou nem perto. “Capacidade cognitiva representou mais de 14% da performance no trabalho. Inteligência emocional menos de 1%”, diz Grant.

 

Adicionando insulto à injúria, Grant parece martelar o prego no caixão da inteligência emocional ao argumentar que, por mais de 20 anos, uma importante premissa da IE é que “ela pode ter mais importância do que QI”. Mas, como Grant indica com bastante vigor em seu artigo, “todo estudo comparando os dois têm mostrado justamente o oposto.”

 

Grant reconhece que a IE continua a desempenhar bem em trabalhos com demandas emocionais que envolvem um alto grau de interação humana (por exemplo, vendas, corretagem de imóveis, aconselhamento). Contudo, no que se refere à performance no trabalho, a capacidade cognitiva prova o seu valor.

 

“Se o seu trabalho é principalmente em lidar com dados, coisas e ideias, ao invés de pessoas e sentimentos, não é necessariamente interessante ter habilidades de leitura e controle das emoções. Se o seu trabalho é consertar carro ou lidar com números em uma planilha, prestar atenção nas emoções pode inclusive te distrair do seu trabalho”, afirma Grant.

 

A reação de Daniel Goleman

 

A crucificação pública da inteligência emocional por Grant não passou impune. Em sua refutação, Goleman chamou o artigo de Grant de “uma crítica ácida sobre a inteligência emocional”, e ainda completou que “não levo muito a sério os argumentos de Grant”.

 

Se você é novo no tema da inteligência emocional, Daniel Goleman é o autor do best seller internacional Inteligência Emocional (1995), o qual ficou por mais de 18 meses na lista dos mais vendidos do The New York Times. Ele prosseguiu com outros títulos, tais como Trabalhando com Inteligência Emocional (1998), argumentando que habilidades não cognitivas podem importar tanto quanto QI para o sucesso no trabalho e para a liderança, isto é, uma visão diretamente oposta à de Grant.

 

Goleman acredita que há duas escolas de pensamento em jogo e diz que a crítica da academia de Grant erra o alvo. Aqui está um trecho do artigo de Goleman no LinkedIn duas semanas depois do artigo de Grant:

 

“A academia age por um conjunto diferente de regras comparado às pessoas no mundo dos negócios: o que é publicado em jornais revisado por pares versus o que realmente funciona.

 

E aqui reside a diferença significativa nessas visões contrastantes da inteligência emocional. Acadêmicos são enfadonhos em seus métodos de pesquisa e analisam os seus dados para ver, por exemplo, quais variáveis se correlacionam e com que força.

 

O teste de inteligência emocional que Grant escolheu para mostrar em seu blog é baseado no modelo preferido pelos acadêmicos. Ele vem do mundo dos testes de inteligência e foi desenhado para mostrar que há habilidades humanas na esfera emocional que diferem do QI (embora isso possa parecer senso comum, tem significo teórico importante no campo dos testes psicológicos).

 

Uma pessoa de negócios tem uma questão mais urgente: o que eu devo fazer na segunda feira de manhã? Como eu posso identificar as pessoas de alta performance? Quais habilidades e competências nós deveríamos ajudar as pessoas a melhorar?”

 

Na estrutura de trabalho de Goleman, o qual eu assino embaixo, uma vez que você conseguiu um trabalho na sua área e começou a considerar coisas como aumentar o seu escopo, ser promovido, liderar outros e navegar no ambiente político, o QI vai implorar para que a IE apareça e tome a dianteira.

 

Visto que todos aqueles com os quais você está competindo em sua área de conhecimento são provavelmente tão inteligentes quanto você, Goleman está dizendo que a inteligência emocional faz a diferença ao te promover para o próximo nível. Isso é uma questão de performance no trabalho, não é mesmo, Adam Grant?

 

Nas palavras de Goleman, “mesmo se você é um engenheiro que trabalha sozinho criando um dispositivo melhor, ninguém irá prestar atenção em você a menos que consiga comunicar, persuadir e motivar as pessoas com relação ao dispositivo. E isso requer inteligência emocional”.

 

Em um gesto para martelar o prego no caixão do QI de Grant, Goleman cita um comentário astuto sobre o artigo de Grant no LinkedIn: “Pessoas que não possuem o adequado conjunto de habilidades emocionais não têm sucesso nas mesmíssimas profissões que você indicou onde a inteligência emocional não é necessária”, ou seja, engenharia, contabilidade e ciência. O comentário ainda prossegue: “Eu recomendaria fortemente falar com os profissionais nos campos que você mencionou antes de escrever um artigo sobre o que seria importante para eles”.

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