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Quais fatores podem predizer a retenção dos colaboradores? A resposta a essa pergunta foi justamente o que o site americano Glassdoor (www.glassdoor.com) descobriu ao avaliar mais de 5.000 mudanças de cargos nos CVs cadastrados no site entre os anos de 2007 e 2016.

 

O Glassdoor é um dos sites de emprego e recrutamento mais conhecido nos EUA e mantém uma base de milhões de avaliações de empregadores, notas de aprovação de CEOs, relatórios de salários, questões e dicas de entrevista, comparação de benefícios e outras coisas. Não é por acaso que o Glassdoor adquiriu em 2016 a empresa brasileira Love Mondays – www.lovemondays.com.br

 

Um dos pontos interessantes da pesquisa foi a constatação de que o equilíbrio trabalho e vida pessoal, a liderança da empresa e os benefícios não impactaram no turnover. Apesar destes fatores fazerem parte, de alguma maneira, da cultura do ambiente de trabalho, a qual é chave para a permanência ou não do funcionário na empresa (como iremos ver logo abaixo), eles não foram os determinantes para aumentar as estatísticas de desligamento.

 

O relatório do Glassdoor “Why do workers quit” (Por que os trabalhadores pedem demissão) comenta que um típico trabalhador americano, na média, troca de empregador cerca de 11,7 vezes até os 48 anos de idade, e cerca de 25% troca de emprego 15 vezes ou mais. Ademais, quando dentro de uma empresa, esses mesmos trabalhadores mudam de função e postos de trabalho muitas vezes também.

 

Essa alta rotatividade acaba afetando também o caixa das empresas, pois estas gastam cerca de 21% do salário anual do funcionário a ser substituído durante todo o processo de recontratação.

 

1) Cultura da empresa

 

Uma das vantagens do Glassdoor é o fato deles possuírem uma medição no site sobre a cultura do ambiente de trabalho de cada empresa cadastrada. Assim, o principal elemento que influencia na movimentação de um trabalhador foi a vontade de ir para uma empresa com uma cultura melhor do que a anterior.

 

A figura abaixo retirada do relatório deles mostra que a pontuação do novo empregador supera a do anterior em todos os quesitos analisados: avaliação geral, oportunidades de carreira, benefícios e compensação, valores e cultura, equilíbrio trabalho e vida pessoal, assim como liderança sênior.

 

 

É importante destacar que isso não significa que toda pessoa mudando de emprego sempre vai para uma empresa mais bem avaliada. Os resultados do gráfico acima são, portanto, apenas uma média do grupo analisado. Fora isso, como os usuários do Glassdoor tendem a ser bastante engajados no site e possuem um claro interesse em trabalhar em lugares com uma cultura descolada, pode ser que o resultado não represente muito bem a massa dos trabalhadores norte americanos.

 

Acredito ser importante fazer essa ressalva, apesar de saber que a amostragem por eles realizada foi razoavelmente ampla, como podemos ver no quadro a seguir:

 

 

Mesmo o novo empregador possuindo melhor avaliação nos 6 quesitos de cultura vistos no primeiro gráfico, na realidade, apenas 3 fatores foram cruciais para reter os talentos: avaliação geral do empregador, qualidade das oportunidades de carreira e os valores da empresa.

 

 

Portanto, estatisticamente falando, estes são os 3 fatores relacionados à cultura do negócio que mais afetam na retenção ou no turnover dos colaboradores.

 

2) Salário

 

Este aqui não é surpresa nenhuma para cada um de nós. O estudo da Glassdoor determinou que um incremento salarial da ordem de 10% é responsável por um aumento na probabilidade do indivíduo permanecer no mesmo emprego.

 

 

3) Estagnação no trabalho

 

A última descoberta da análise estatística da Glassdoor é que, funcionários que permanecem num posto por muito tempo têm maior probabilidade de sair do emprego, mesmo que não haja problemas em termos de salário e cultura organizacional.

 

Ficar estagnado em uma função por um espaço de tempo adicional de 10 meses aumenta a chance em 1% do funcionário sair da empresa em direção a outro emprego (um impacto, segundo o Glassdoor, estatisticamente significativo).

 

 

Interessante perceber que a pesquisa não aponta o chefe ou líder como sendo o causador da demissão, o que difere daquela percepção geral de que “as pessoas não deixam empregos, deixam os gestores”. No tópico sobre cultura organizacional citado acima, o fator “liderança sênior” ficou de fora entre os principais elementos que motivam o pedido de demissão. Resta saber se isso de fato não impacta ou se a base de usuários utilizada na pesquisa não seja tão representativa.

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