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Segundo o Wikipedia, a economia comportamental e a sua área relacionada, finanças comportamentais, usam fatores sociais, cognitivos e emocionais para explicar a tomada de decisões econômicas de indivíduos e instituições. Os modelos comportamentais tipicamente integram resultados da psicologia com a teoria da economia neoclássica.

 

Basicamente, a economia comportamental critica a economia tradicional, onde esta última se vale do conceito do “homo economicus”, isto é, o homem como um tomador de decisão racional e que sempre visa o bem próprio quando tomando decisões.

 

Assim, a economia comportamental absorve de descobertas da psicologia, neurociência e outras ciências sociais para mostrar que o homem não é tão racional assim na tomada de decisões.

 

Livros como “Rápido e Devagar”, do Daniel Kahneman (Prêmio Nobel de Economia), “Previsivelmente Irracional”, “A Mais Pura Verdade sobre a Desonestidade” e “Payoff” (ainda sem tradução para o português), estes 3 últimos do Dan Ariely, são muito conhecidos mundialmente ao abordar o tema da economia comportamental.

 

Eu mesmo já li os 2 primeiros e recomendo muito que você leia, caso se interesse pelo assunto ou tenha curiosidade sobre mente inconsciente e como ela afeta as nossas decisões de vida.

 

Lembro que assisti uma palestra do Dan Ariely durante uma HSM Expo Management, em São Paulo, e gostei bastante das experiências que ele compartilhou no evento. Dan Ariely é um israelense, professor de psicologia e economia comportamental na Duke University (EUA).

 

Ele comentou que se interessou por entender estas questões quando estava no hospital, se recuperando de queimaduras pelo corpo, e se lembra das enfermeiras retirando os curativos bem lentamente, com a crença de que assim o fazendo, ele sofreria menos. Ele, porém, tinha a noção de que sofreria menos se ela fizesse a remoção dos curativos com agilidade.

 

Essa dualidade entre intuição e racionalidade é algo bastante estudado pela economia comportamental.

 

A verdade é que nós adotamos algumas coisas como verdade, de maneira intuitiva, e pouco fazemos questão de comprová-las na prática ou mais racionalmente para ver se de fato fazem sentido.

 

O mesmo acontece com relação a assuntos bastante comentados e discutidos, tais como motivação e felicidade. São justamente estes dois que o Dan Ariely discorreu em uma sessão de perguntas e respostas promovida pelo site Quora e que você irá conferir abaixo:

 

Quais são algumas das confusões que a maioria das pessoas faz sobre o que é felicidade?

Quando a gente se depara com uma questão assim, tende a pensar no curto prazo, aproveitando uma massagem ou assistindo um filme, onde, na realidade, a verdadeira felicidade é algo bem diferente. É mais complexo e difícil e ela nos dá um senso de felicidade de longo prazo, alegria e entendimento, até mesmo superando desafios e probabilidades.

 
Fora isso, um outro grande elemento que as pessoas não prestam atenção quando elas pensam sobre felicidade, baseia-se na pesquisa feita por Mike Norton e Elizabeth Dunn, a qual também está no livro “Happy Money”. Eles mostram que um dos erros com relação à felicidade é que nós achamos que o que nos faz felizes é gastar dinheiro com a gente, mas, ao contrário, o que nos faz mais felizes ainda é gastar dinheiro com outras pessoas.

 

Um dos experimentos que eles fizeram foi dar a pessoas um cupom de compras do Starbucks e as pessoas iam então ao Starbucks e compravam alguma coisa. Eles ligavam para essas pessoas à noite e perguntavam a elas o quão felizes elas estavam. O resultado foi que as pessoas que compraram café não ficaram mais felizes do que aquelas pessoas que não compraram café para si mesmas.

 

Eles então pegaram um outro grupo de pessoas, lhes deram o mesmo cupom de compras e lhes pediram para comprar um café para um estranho. Quando eles ligaram para estas pessoas à noite, elas estavam mais felizes do que aquelas que não compraram um café para pessoas desconhecidas.

 

O primeiro instinto é de comprar uma xícara de café para si mesmo, já que isso te dá a maior descarga de felicidade de curto prazo. O que as pessoas não compreendem é que a felicidade de longo prazo não é aumentada ao se fazer mais coisas para si mesmas. Na verdade, você a aumenta quanto mais coisas você faz para os outros.

 
A última coisa que as pessoas entendem erroneamente sobre a felicidade é que nós achamos que a felicidade vem de conseguir coisas, quando, na verdade, ela vem de ter experiências. Quando têm a chance de escolher entre passar um fim de semana nas ilhas Seychelles mergulhando ou então de comprar um telefone celular, as pessoas normalmente pensam que uma viagem à Seychelles é algo que vem e vai, mas que o telefone celular as fará mais felizes. Na realidade, enquanto a viagem pode ter acabado, a memória permanece conosco e isso tem um impacto muito maior na nossa felicidade do que algo físico como um celular. Em essência, nós temos uma teoria sobre a nossa própria felicidade que diz que nós gostamos menos de experiências, mas a realidade é que as experiências acabam por criar felicidade de muito mais longo prazo do que objetos.

 

Quais coisas as pessoas deveriam entender melhor sobre a motivação?

Um monte.

 

Uma das principais coisas que as pessoas não entendem sobre a motivação é o princípio do prazer. As pessoas acham que motivação é buscar o prazer, mas a realidade é que a motivação é geralmente oposta à busca pelo prazer. O prazer é sobre sentar na praia e tomar um mojito ou assistir uma série. Porém, a maior parte das coisas que nos motivam profundamente são aquelas coisas que são difíceis e complexas, por vezes, até mesmo dolorosas.

 

Pense em coisas como escrever um livro ou iniciar um negócio próprio, ter filhos ou correr uma maratona. Se você toma como exemplo correr maratonas, e você vê como as pessoas correndo maratonas não parecem nem um pouco felizes, parece que elas não têm o mínimo de prazer no que estão fazendo. Se você tivesse vindo do espaço e ficasse intrigado sobre este fenômeno de correr uma maratona, você provavelmente concluiria que estas pessoas estavam sendo punidas e que essa é a forma que elas pagam as suas dívidas com a sociedade.

 

Maratonas, escrever livros, montar um negócio são coisas que nos dão profundo prazer, mas este prazer não é um prazer momentâneo, como tomar um drink ou assistir uma série. É um prazer bastante distinto.
O primeiro ponto é que, quando nós pensamos em motivação, nós pensamos em prazer de curto prazo, mas a motivação é realmente sobre significado de longo prazo e este prazer que nós obtemos de um propósito de longo prazo é um prazer de um tipo muito diferente.

 

O segundo ponto principal é que nós não conseguimos entender que motivação não é apenas sobre o dinheiro. Quando as pessoas pensam sobre motivação, elas têm uma equação que diz que a motivação é igual ao pagamento ou ao retorno, mas a verdade é que a motivação tem uma série de elementos diferentes. Nós valorizamos o propósito, o desafio, o senso de realização, progresso, o bem-estar de outros etc. Todos estes outros elementos na equação da motivação não são o que vêm à mente mais facilmente, não é verdade?

 

Por exemplo, considere este experimento. Nós pedimos às pessoas para construir bonecos de Lego e nós as pagamos para fazer isso. Nós pagamos as pessoas um valor decrescente, mais para os primeiros bonecos, menos para o segundo e, assim sucessivamente, até que em algum ponto elas paravam de construir. Em determinado momento, nós perguntávamos a elas se gostariam de construir mais um e elas diziam sim. Quando elas concluíam, nós perguntávamos se gostariam de fazer mais um por um valor menor e, se elas dissessem sim, elas construíam e assim por diante até que elas decidissem parar. Essa foi a condição do experimento chamado “propósito”.

 

Em outra versão na qual nós chamamos de “Sísifo” (o filho do rei Éolo, castigado no Hades por suas transgressões na vida, sendo condenado à eterna tarefa de enrolar uma grande pedra até o topo de uma colina, da qual ela sempre descia novamente), nós fizemos a mesma coisa, mas quando as pessoas concordavam em construir um segundo boneco, no que elas iniciavam a construção deste segundo boneco, nós destruíamos o primeiro e colocávamos as peças de Lego de volta na caixa. Quando elas terminavam o segundo e nós perguntávamos sobre construir um terceiro, nós dávamos as peças usadas para o primeiro, desmontávamos o segundo que elas tinham acabado de montar e assim por diante. Nessa condição, as pessoas construíam e reconstruíam os mesmos bonecos toda santa vez.

 

E o que aconteceu? Em ambas condições, as pessoas construíram os bonecos, mas na condição “propósito”, elas trabalharam por muito mais tempo e estavam dispostas a trabalhar por menos dinheiro. Na condição “Sísifo”, a motivação delas foi incrivelmente reduzida. A quantidade de dinheiro que elas estavam ganhando era a mesma, mas elas estavam vendo o seu trabalho ser destruído na frente dos seus próprios olhos, o que acabava com a sua motivação.
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência!

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