Este post é uma tradução de artigo publicado no site da Fast Company (https://www.fastcompany.com/3068194/work-smart/a-psychologist-finally-explains-why-you-hate-teamwork-so-much)
Não há muito o que fazer: toda realização humana significativa é o resultado de um comportamento coordenado de grupo – pessoas trabalhando juntas para atingir um objetivo comum. Obviamente, essa realidade não muda o fato de que, para muitas pessoas, o trabalho em equipe é tão doloroso quanto arrancar um dente. Aqui está o porquê e o que fazer a respeito.
COMO E QUANDO O TRABALHO EM EQUIPE DÁ ERRADO
Os psicólogos sabem que há uma necessidade humana universal de pertencer a grupos, mas eles também sabem que as pessoas não são sempre dispostas a trabalhar de boa umas com as outras. Os interesses individuais geralmente sabotam o espírito de equipe. Os instintos competitivos das pessoas terminam por transformar colegas de equipe em rivais.
Na verdade, até mesmo quando nós queremos colaborar, o conhecimento equivocado, os valores incompatíveis ou o estilo diferente podem transformar qualquer um em estranho no ninho numa determinada equipe. Líderes talentosos são bons em escolher as pessoas certas para as tarefas certas, e inspirar essas pessoas em colocar de lado a sua agenda egoísta para focar nos objetivos do grupo. De fato, a habilidade em montar equipes de alta performance é basicamente a essência da liderança.
Porém, visto que a boa liderança é rara, você não pode sempre confiar no seu chefe para garantir a performance do grupo. É por isso que é útil conhecer qual tipo de papel você está mais adequado a desempenhar na equipe – e responder essa questão exige entendimento sobre a sua personalidade. Quem você é determina como você interage com as pessoas em um grupo de mais formas do que você imagina.
Assim, não apenas considere quais são os objetivos do grupo, mas busque escolher algo que pareça um bom encaixe com as suas habilidades. Certifique-se de que o grupo a que está se juntando é uma combinação adequada com a sua personalidade. Três traços de personalidade em particular podem afetar quão bem você trabalha com o seu grupo, não importa que tipo de objetivo vocês estão buscando alcançar juntos.
1) AMBIÇÃO
Poucas características de personalidade são tão previsíveis para o sucesso ou não de uma equipe como a ambição. Por um lado, pessoas ambiciosas são naturalmente competitivas. Assim, elas conseguem injetar uma mentalidade vencedora em suas equipes, colocando a barra lá em cima e buscando alcançar expressivos resultados. Mas, por outro lado, a ambição também tem o lado negro da força, a qual pode levar as pessoas a ficar obcecadas em superar seus objetivos e realizações, negligenciando o objetivo do grupo.
Quando as coisas vão mal, é normal que as pessoas mais ambiciosas da equipe culpem os outros e fiquem frustradas. E quando elas estão motivadas simplesmente na busca de poder, elas são aquelas pessoas que mais provavelmente irão desafiar a autoridade do líder e competir com outros membros da equipe por status. (De alguma maneira, Freud estava certo ao apontar que, quando você está na posição de líder, os seus subordinados estão sempre tramando para te matar).
Assim, quanto mais ambicioso você é, mais difícil será para você saber gerenciar a tensão entre seguir adiante e se dar bem na vida. A melhor maneira de canalizar a sua personalidade em um grupo de trabalho produtivo é focar o seu ímpeto competitivo em um objetivo fora da sua equipe. A sua natural inclinação de estar na frente de outros não irá desaparecer, mas você pode usá-la para motivar o seu grupo inteiro a vencer a concorrência.
2) CRIATIVIDADE E ABERTURA À EXPERIÊNCIA
A inovação raramente é o resultado de uma única pessoa. Ela tende a ser o produto do trabalho em equipe. Estas equipes tendem a ser gerenciadas por líderes criativos, mas há um traço de personalidade que determina se indivíduos se encaixam nessas equipes e como eles contribuem para gerar inovação: trata-se da abertura a experiências.
A abertura a novas experiências é associada com curiosidade intelectual, sensibilidade, inconformidade e busca pelo desconhecido. Da mesma maneira que com a ambição, há um lado bom e um ruim com a abertura a experiências. No lado positivo, ela ajuda as pessoas a desafiarem o status quo e conceber novas formas de fazer as coisas. Quanto mais aberto você for, mais provável é que você abrace a inovação e a mudança. No lado escuro, muita abertura deixará equipes sem foco, lutando para concluir tarefas e com tendência a complicar demais as coisas.
Uma equipe cheia de pessoas abertas irá gerar um monte de ideias e tentará uma série de coisas novas, mas terá dificuldade em executá-las. Assim, alguém com alta abertura a experiências deveria se apegar à geração de ideias e resolução criativa de problemas, deixando a execução para outros.
3) CONSCIÊNCIA E AUTOCONTROLE
O último e principal traço de personalidade que faz uma tremenda diferença no sucesso ou fracasso de uma equipe é a autoconsciência ou autoconhecimento. Pessoas autoconscientes são confiáveis, diligentes e atenciosas. Elas são grandes planejadoras e se dão muito bem em equipes bem estruturadas e com regras. Elas são também conhecidas pela autodisciplina e autocontrole, o que as ajuda a evitar distrações e desempenhar muito bem, até mesmo quando elas não estão tão motivadas pela tarefa.
Assim, se você é uma pessoa com uma consciência bem desenvolvida e tende a não gostar de trabalhar em grupo, há boas chances de que isso se deve ao fato de você ser mais organizado e disciplinado do que a maior parte dos seus colegas de grupo. Em um mundo que venera empreendedores e talentos “disruptivos”, nós tendemos a esquecer o quão importante a autoconsciência é. Na verdade, sem ela não há gestão de projetos, não há execução e tampouco controle de qualidade.
De fato, a menos que a maioria dos membros seja, pelo menos, moderadamente autoconsciente, a anarquia irá reinar. Para que qualquer sistema social funcione, a maior parte das pessoas precisa seguir regras. Portanto, se você acha que é mais autoconsciente do que os seus membros de grupo, o papel ideal para você é definir e aplicar as regras: seja o planejador, o cumpridor de prazos e a pessoa que se atenta aos detalhes.
Embora estas 3 características da personalidade não são mutuamente exclusivas, os papéis psicológicos que as pessoas geralmente exercerão quando em equipes tende a ser função de apenas uma delas. Por exemplo, você pode ser a força motriz que torna o grupo competitivo, ou a fonte de inspiração de ideias ou o planejador e executor que realiza as coisas.
Naturalmente, as equipes são mais eficientes quando elas têm um equilíbrio desses traços, e quando as pessoas encontram os papéis que são compatíveis com os seus estilos naturais. Neste sentido, o talento é a personalidade no lugar certo.