Este artigo é uma tradução do texto originalmente publicado no site da revista norte americana Inc. com o seguinte título: This Is the Ideal Number of Hours to Work a Day, According to Decades of Science (https://www.inc.com/jessica-stillman/this-is-the-ideal-number-of-hours-to-work-a-day-ac.html).
Há muitas questões em aberto na ciência – nós estamos sozinhos no universo? O que está no fundo de um buraco negro? Quando eu vou finalmente ter a minha mochila a jato? – mas, de acordo com Rest, o título de um novo livro de Alex Pang, de Stanford, ‘quantas horas por dia um trabalhador do conhecimento deveria trabalhar?’ não está entre essas questões.
Décadas de ciência e uma série de pessoas iluminadas ao longo da história chegaram à mesma conclusão: se o seu trabalho envolve o cérebro, então a resposta correta é apenas quatro horas.
Não acredita em mim? Então talvez este curto artigo do The Guardian, escrito pelo fascinante jornalista Oliver Burkeman, irá convencer você. Nele, Burkeman resume um persuasivo estudo que diz para não gastar mais do que quatro horas de trabalho criativo por dia. A base para isso, consiste, essencialmente, em três tipos de evidência.
Ciência
Primeiramente, pesquisas comprovam a afirmação de Pang. Você já ouviu sobre a regra das 10.000 horas? Você talvez acharia que a prática das 10.000 horas seria contrária à ideia de que quatro horas de trabalho intelectual extraísse o melhor dos nossos cérebros. Mas, de acordo com Burkeman, quando as mesmas pessoas fizeram a pesquisa na qual Malcolm Gladwell se baseou no famoso relato do estudo sobre os violinistas, elas descobriram um limite para cada prática.
Atletas de elite podem acumular uma quantidade impressionante de prática, mas a ciência mostra que eles o fazem em períodos de quatro horas ou ainda menos.
Gênios
A ciência pode ter documentado esta máxima das quatro horas mais recentemente, mas parece que os gênios, de diversos campos, já tinham a intuição desse ponto há séculos.
“Charles Darwin trabalhava por dois períodos de 90 minutos pela manhã, e depois por mais um período de um hora durante a tarde; o matemático Henri Poincaré, das 10 da manhã até o meio dia, e depois das 5 da tarde até as 7 da noite; o mesmo ocorria nas rotinas diárias de Thomas Jefferson, Alice Munro, John le Carré e muitos outros”, escreve Burkeman.
Caçadores coletores
Parece que os nossos antepassados pré-industriais devem ter sido mais sábios do que nós, no que diz respeito ao entendimento dos ritmos naturais do nosso cérebro. Muito embora caçar gazelas pareça muito distante de fechar acordos de investimento, eles também eram sujeitos ao limite de trabalho de quatro horas do nosso cérebro – eles somente eram mais inteligentes ao não tentar lutar contra esse limite.
“Meio século atrás, o antropólogo Marshall Sahlins causou um tumulto ao sugerir que as pessoas nas sociedades coletoras e caçadoras não estavam incessantemente lutando pela sobrevivência”, reporta Burkeman. “Analisando números da África e Austrália, ele calculou o número médio de horas que caçadores e coletores precisavam trabalhar por dia, a fim de manter todo mundo alimentado. E é isso mesmo: eram de ‘três a cinco horas’”.
O que fazer com as outras quatro horas
A ideia do seu cérebro ter um limite para concentração e criatividade é muito convincente, mas isso não necessariamente quer dizer que você possa ou deva descansar no resto do dia. Quando os nossos cérebros estão desgastados, nós podemos ainda aproveitar para gastar tempo enchendo-os com novo conhecimento, colocando em dia os nossos emails, praticando os nossos hobbies, ou fazendo trabalho administrativo chato, mas essencial.
Mas se você está constantemente tentando realizar grande trabalho intelectual por oito horas ou mais em um único dia, então é bastante provável que você esteja desperdiçando uma boa parte do seu tempo.