Este artigo é uma tradução do texto publicado no site da revista norte americana Fast Company com o seguinte título: 4 Common Assumptions That Kill Your Job Search Before It Even Starts (https://www.fastcompany.com/40515624/these-4-common-assumptions-are-killing-your-job-search-before-it-starts). Ele foi escrito por Gary Burnison, CEO da Korn Ferry.
Você odeia o seu chefe. Você não tem recebido um aumento decente de salário há anos. Você tem sido muito desvalorizado. Ou talvez você realmente tem feito um ótimo trabalho e sente que merece continuar fazendo o bom trabalho, só que em uma empresa igualmente ótima. E apesar disso, você ainda está na luta, procurando por um novo emprego. Aqui então vai o que pode estar te atrapalhando e o que você precisa fazer para sair dessa situação.
Quando o “eu estou confortável” demonstra a complacência
A complacência é uma espécie de assassino da carreira que pode nos atingir em qualquer estágio, sufocando o nosso crescimento e nos fazendo miseráveis, impedindo-nos de fazer alguma coisa a respeito.
De acordo com uma pesquisa recente da empresa Korn Ferry, executivos que receberam uma promoção têm muito mais chances de permanecerem na empresa (67%) do que tomar uma ação imediata de procurar por um outro emprego (10%). Sem dúvida que perder a oportunidade de uma promoção não é sempre a causa de um pedido de demissão. Mas apesar de não haver nada de errado em tentar melhorar a sua performance e aumentar as suas chances de ganhar uma promoção, há um risco real em definir uma estratégia de saída a fim de buscar uma oportunidade melhor.
Steve é um executivo que começou a receber ligações de um recrutador que queria conversar com ele sobre uma interessante posição com espaço para crescimento e um aumento substancial de salário. No início, Steve fica empolgado. Depois, ele pensa melhor e começa a falar consigo mesmo: “eu acho que eu estou confortável onde estou. Eu teria de trabalhar por mais horas e viajar mais do que eu viajo hoje. Fora isso, eu seria o cara novo e teria de me provar novamente. Se as coisas não forem bem ou a economia patinar, eu vou ser o primeiro a ser demitido – e eu tenho um apartamento para pagar”.
Da próxima vez que o recrutador liga, Steve diz: “obrigado, mas não”.
A questão é que a decisão de Steve de permanecer no atual emprego não é o resultado de uma análise profunda das oportunidades – ver onde ele teria a maior chance de se desenvolver, aprender mais e redefinir a sua trajetória de carreira (o que poderia também ser dentro da atual empresa). Ao invés disso, o medo do fracasso de Steve o leva a inflar os riscos potenciais de tentar algo novo, matando pela raiz qualquer busca promissora e interessante de trabalho.
Evitar a armadilha da complacência – e perceber como escapar dela quando você estiver preso – diz respeito a identificar quatro suposições básicas que você pode nem perceber que está adotando.
Falsa suposição número 1: “TODAS AS MELHORES OPORTUNIDADES ESTÃO FORA DA MINHA EMPRESA”
Muitas pessoas assumem automaticamente que uma busca por emprego significa olhar para fora dos muros da empresa atual. Mas pode haver grandes oportunidades bem debaixo do seu nariz que você nem está vendo! Você apenas precisa trabalhar um pouco para descobri-las.
Faça networking internamente. Peça tarefas maiores para o seu chefe, especialmente algo com um maior nível de exposição. Embarque em tarefas e equipes interfuncionais e interdepartamentais. Quanto mais você amplia a sua visão dentro da empresa – além dos mesmos corredores pelos quais caminha todos os dias – mais oportunidades você vai encontrar.
Falsa suposição número 2: “ATUALIZAR O MEU CURRÍCULO É MAIS DO QUE MEIO CAMINHO ANDADO”
Você pode achar que a maior barreira para iniciar uma busca por emprego é dar um polimento no seu CV. Assim, talvez você dá aquela polida, depois dispara alguns currículos e aguarda pelos resultados. Quando nada acontece, você conclui que o timing não é o correto ou que não vale a pena enviar mais.
Para escapar dessa armadilha, você precisa reconhecer que o seu currículo é talvez 10% do processo. A fatia dos 90% é conhecer a si mesmo – os seus pontos fortes, fracos, paixões e motivações e como conversar articuladamente sobre essas coisas. Daí, você precisa selecionar cuidadosamente novas oportunidades e fazer networking para conseguir contato com recrutadores e contratantes. Em outras palavras, uma busca por emprego é um processo, não um evento. Dê tempo a ele e diversifique os seus esforços.
Falsa suposição número 3: “OS MELHORES EMPREGOS VÃO VIR ATÉ MIM”.
A má notícia aqui é que conseguir o emprego que você tanto quer leva mais tempo do que você imagina e envolve muito mais esforço. Uma única posição pode atrair, literalmente, centenas de candidatos. Você pode achar que atravessar a porta da frente, por assim dizer, ao se candidatar em anúncios de vagas é algo inútil, guardando a esperança de que as melhores oportunidades vão vir diretamente para você.
Você pode fazer networking de uma maneira que vai revelar oportunidades, as quais nunca teriam chegado ao seu conhecimento de outra forma. Olhe para as trajetórias de carreiras de pessoas que você conhece com experiências profissionais semelhantes. Onde elas estão trabalhando hoje? Pergunte a um chefe anterior ou colega onde eles te imaginam trabalhando.
Falsa suposição número 4: “TUDO O QUE EU NÃO PRECISO AGORA É DO ESTRESSE DE PROCURAR POR UM EMPREGO”.
E quem é que deseja ter estresse? Algumas formas de estresse relacionadas à carreira são um mal necessário e inevitáveis. Pensar outra vez nas suas habilidades e sobre o que você quer da sua vida profissional é por vezes difícil e desconfortável, mas o desafio pode se provar revigorante – e te fazer mais feliz no longo prazo.
Mas é extremamente exaustivo e você ainda tem tanta coisa para fazer! Então decida que o seu chefe não é tão ruim, que você está confortável onde está e que você pode fazer o seu trabalho com “as mãos nas costas”. A escolha é sempre sua: você pode se entregar à complacência ou você pode decidir assumir as rédeas da sua carreira.